Realizadas as convenções partidárias e definidas as coligações e candidatos para a disputa eleitoral que se avizinha, depois de intensa fase de namoro e negociações para a sua conformação, alguns detalhes dessa celebração não podem passar em branco do observador mais atento. Como em política tudo acontece muito rápido, é necessário que entendamos o processo de forma contextualizada, senão correremos o risco de perder o fio de meada. É como diria Magalhães Pinto, política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.
Tudo começou com a tentativa de união dos partidos que fazem oposição ao prefeito José Carlos Moura, com a primeira versão formada pelo PR/DEM/PMDB, estendendo a partido mais à esquerda, como PSB, PC do B e outras legendas, cujo objetivo era encontrar um nome com capilaridade eleitoral, capaz de derrotar o prefeito José Carlos Moura nas próximas eleições.
Todas as tentativas em busca da pretensa união foram frustradas, o que restou foi uma foto para a posteridade ladeada pelos personagens mais antagônicos da política de Itapetinga, imagem que causou espanto até ao mais incrédulo dos eleitores, sem nenhum demérito a eles.
A implosão da sonhada aliança já era prevista por qualquer pessoa medianamente informada a respeito das nuances da política de Itapetinga. As divergências históricas, envolvendo os seus protagonistas, extrapolavam e extrapolam os limites da boa convivência política, e atingiam o nível pessoal de cada um deles, cujas feridas ainda não tinham sido cicatrizadas.
Em entrevistas a uma emissora local, o ex-prefeito José Otávio (DEM) precipitou o desenlace, foi claro ao afirmar que não se uniria ao ex-prefeito Michel Hagge, fazendo lembrar o episódio das denúncias feitas do seu governo pelo ex-alcaide aos órgãos de fiscalização do governo federal, fato este que lhe causou grande constrangimento e vários processos na justiça e que só agora, seis anos depois, foi inocentado.
Nesse vai-e-vem dos partidos em busca de um nome que tivesse capilaridade eleitoral, capaz de enfrentar o prefeito JCM nas próximas eleições, as siglas mais à esquerda como PC do B e PSB, cada uma ao seu turno, buscou seguir caminhos diferentes, pensando, creio, na sobrevivência de suas agremiações, e em última análise, na eleição de um dos seus membros para o poder legislativo. Gilson de Jesus (PC do B), malgrado o discurso de Michel, que em reunião, conclamou aos seus correligionários que não se unissem aos “traidores”, se referindo ao PC do B que não apoiou Virgínia Hagge para deputada estadual, desistiu de sua candidatura a prefeito e compôs na condição de vice de Kátia Espinheira (PMDB), e com as bênçãos do ex-prefeito Michel Hagge.
Enquanto isso, o PSB que também lançou candidatura própria a prefeito, abriu mão da disputa para aliar-se à coligação PR/DEM, dando uma guinada à direita deixando atônitos os seus seguidores.
À medida que os seus adversários não chegavam a um acordo a respeito do nome que representaria a coalizão partidária pretendida, o prefeito José Carlos Moura (PT), aproveitando o vácuo e as contradições ideológicas e conceituais das oposições, foi reconstruindo a sua base de apoio, e hoje, segundo ele, se apresenta bastante consolidada, e pronta para fazer a diferença em mais esse pleito eleitoral.
Este é o cenário que esperam os 43 mil eleitores habilitados para votar nas próximas eleições.
E lembre-se, democracia não precisa de filósofo nem de cientista. A democracia é feita por consciências livres, e cobrando ações firmes de seus governantes. Comparar é a melhor forma de escolher.
Juraci Nunes Oliveira é radialista e Bacharel em Direito
Um pensamento em “QUAL O CENÁRIO QUE O ELEITOR VAI ENCONTRAR NESSAS ELEIÇÕES”