Por Juraci Nunes:
O título “erros que se repetem” do presente texto, foi escolhido aleatoriamente, mas ao final, e ao cabo, percebi que calhou com a mensagem que se pretendia passar, pois o assunto sob analise não é outro senão o momento antecipatório escolhido pelos políticos para o debate sucessório municipal, que efetivamente só vai acontecer pra valer após os festejos momescos, com desfecho em julho quando ocorrem as convenções partidárias que vão homologar as candidaturas.
Mas, se a regra é essa, que rufem os tambores.
Corrijo-me, esse é um tema que, a priori, não tem regra definida, sobretudo quando os seus atores ainda estão nas primeiras tratativas, isso porque numa analogia tosca com uma partida de futebol – seria como nos quinze minutos iniciais da competição, em que os contendores arriscam pouco, para não serem surpreendidos pelo “adversário”. Afinal, quando estar-se discutindo sucessão municipal, o objeto de desejo dos seus protagonistas é o mesmo, ou seja, o comando dos destinos da cidade para o quatriênio seguinte, mormente quando se tem um fausto orçamento como o nosso. Nessa fase, é comum se jogar para a platéia, porque nela existem verdades, que, por cautela, não podem ser reveladas.
Não há nada pedagógico nem científico nisso, mas restringir as discussões a rasgados e gratuitos elogios da trajetória dos líderes que promovem esses eventos em ano pré-eleitoral, para a distinta platéia, sem um exame dos equívocos cometidos pela atual gestão municipal, como tem ocorrido até agora, além de enfadonho e desinteressante, é politicamente incorreto, e pode custar caro aos interessados. Sem esse diagnóstico, dificilmente se terá a exata dimensão do que estar por vir, e o que efetivamente poderá ser feito nos quatro anos de gestão.
E aqui abro um hiato para lembrar um velho amigo em minhas andanças por Brasília, quando ainda militava na política: “Caro Juraci, a gente não analisa o político pelo o que ele verbaliza, porque a sua verdadeira intenção está no que ele deixou de falar”. E o momento é propício para essa reflexão – fiquem atentos nas entrelinhas dos seus interlocutores, nesses festejados encontros, para não serem apanhados de surpresa.
Agora, sem o estatuto da reeleição (extinto pelo Congresso Nacional) para favorecer a alternância no poder e aos naturais objetivos daqueles que ambicionam o posto de chefe do executivo, embora bastante celebrado pelos políticos, traz também em seu bojo um inconveniente para a gestão, que é o de aumentar a competição dentro do governo pelo processo sucessório seguinte.
Abandonar a retórica e aprofundar o estudo na herança político-administrativa que vai ficar do atual governo municipal, que se revelou perdulário, parece ser o melhor caminho a seguir. Sem esse diagnóstico, corre-se o risco de o eleito não cumprir suas promessas alinhavadas em campanha e, por cima, ser defenestrado da vida pública precocemente.
Bem-vindo aos que debutam nesse complicado mundo político egressos da iniciativa privada, pouco habituados aos “acordos” políticos: nesse território minado, pactos celebrados, sobretudo em período distante do pleito, não tem selo de garantia, podem ser rompidos unilateralmente pelos pactuantes sem nenhuma cerimônia.
Diferente do período de 1980 até meados do ano 2001, quando as disputas políticas locais polarizavam em torno de José Otávio Curvelo (DEM) e Michel (PMDB), que ditavam as regras do jogo, hoje com a natural perda de musculatura eleitoral dessas duas lideranças e com o esgarçamento da administração do PT (leia-se José Carlos Moura), novos nomes tem emergido para a vida pública, e já ameaçam ocupar os espaços desses importantes personagens de legado incontrastável; coisas da democracia.
Abstraindo-se o habitual preconceito que políticos tradicionais nutrem por candidatos que brotam das camadas mais humildes da população, é fácil constatar que o Professor Alécio Chaves, filho de operário, é indubitavelmente, dentre os prefeituráveis, o que reúne o maior capital eleitoral no momento, que se bem administrado até as convenções, e se formar uma boa correlação de forças em torno do seu nome, terá grandes chances de vencer as próximas eleições.
Oriundo da cisão da base petista, Chaves, com muita habilidade e parcimônia, vai pavimentando os caminhos que podem lhe conduzir a administrar uma das cidades mais importantes da Bahia, enquanto outros pretendentes como Renan Pereira, Geraldo Trindade (DEM) e Adriano Alcântara (PSDB), Leonardo Matos (PTB) vão por seu turno, tentando viabilizar suas candidaturas dialogando com a sociedade e partidos políticos afins.
Mas a tão almejada união das forças políticas que se apõe ao prefeito JCM e ao PT em Itapetinga, ainda é uma quimera, vai continuar no campo das boas intenções, por obra e culpa do egoísmo e vaidade dos grupos que ainda não se aperceberam que não são mais hegemônicos, e que vão precisar de outras forças inclusive as emergentes, para colocar em prática o seu projeto político. Confesso que desconfio que essa teimosia custe caro às presentes e futuras gerações, que tanto anseiam por mudança.
Por fim, embora haja especulação em sentido contrário, as tentativas feitas pela direção regional do PT, para manter Alécio Chaves na legenda, até agora restaram frustradas, e há forte tendência de que ele encabece mesmo a chapa que está sendo construída pelos partidos que fazem oposição ao prefeito José Carlos Moura, mas que compõem a base aliada do governo do Estado em Itapetinga.
Juraci Nunes é advogado e radialista.