O INTRINCADO JOGO SUCESSÓRIO EM ITAPETINGA

 Emitir opiniões sobre quaisquer assuntos, sem correr o risco de ser vitima de patrulhamento ideológico de corporações partidárias, era o que mais me fascinava nos meus bons tempos de rádio, notadamente na Rádio Jornal, onde comandei por longos trintas anos programas de jornalismo de grande notoriedade. Cheguei a figurar, não sei se merecidamente, entre os mais importantes comunicadores da região, por anos a fio, o que me rendeu vários prêmios, e esse fato marcou indelevelmente toda a minha trajetória profissional.

Depois de decidir que não disputaria nenhum cargo eletivo nas próximas eleições, e de reiterados convites de setores da imprensa local, e de outras mídias alternativas, no sentido de emitir opiniões a respeito dos fatos políticos, econômicos e sociais de nossa cidade e região, não pude me declinar do convite, e doravante vou postar aqui neste e noutros espaços, modestos e despretensiosos comentários sobre temas por mim escolhidos.
Começo lançando o meu olhar sobre o processo sucessório municipal, que segundo o calendário do TSE, está previsto para começar oficialmente no dia 7 de outubro, mas a julgar pelo rufar dos tambores e a movimentação dos partidos tanto do lado da oposição quanto da situação na cooptação de nomes, e os embates travados na mídia, preponderantemente com assunto ligados às eleições de 2012, seria de uma ingenuidade inominável se não concluísse de que o embate sucessório já está nas ruas. É a forma tipicamente brasileira de se macular a legislação eleitoral.
Afinal, qual é o cenário que se nos apresenta nesse momento?    De um lado o prefeito José Carlos Moura e sua base aliada, ancorando o seu projeto de reeleição, que não obstante a divisão interna, principalmente nas hostis do seu partido, o PT,  que a depreender da entrevista concedida à imprensa na última quarta-feira, acredita que com a Implantação do Sistema de Abastecimento de Água de Palmares (tema que abordarei em futuro texto), canalizada do Rio Pardo, inaugurada festivamente no último domingo (4), mais a conclusão da pavimentação da Avenida Júlio José Rodrigues, e a entrega da UPA-Unidade Pronto Atendimento, na Nova Itapetinga, o maior colégio eleitoral da cidade, somadas a obras de pequeno porte que estão sendo viabilizadas para serem inauguradas até as eleições, sufocará definitivamente o discurso das oposições que dizem que sua administração chegaria ao fim sem que uma obra importante fosse inaugurada.
Mesmo diante dessa agenda considerada positiva que começou com a chegada de água em Palmares, os governistas se mostram bastante cautelosos, isso porque, reconhecem que o prefeito JMC, não obstante o fôlego que acaba de ganhar, ainda tem muitos gargalos que precisam ser superados, principalmente os conflitos internos que envolvem os denominados petistas históricos e os neo-petistas, que vem se arrastando desde os primeiros dias do seu governo.
Resolver essas quizilas internas – disse-me um importante interlocutor petista – deve ocupar doravante especial atenção do prefeito José Carlos Moura, pois esta é a principal razão da ausência do Governador Jacques Wagner a Itapetinga nas inaugurações oficiais, situação que se perdurar por muito tempo, poderá trazer sérios prejuízos eleitorais à sua campanha, destacou.
Esta apostasia, no entanto, pode chegar ao fim à medida que o governo municipal vai sendo mais bem avaliado pela população, concluiu.
Esse é o quadro que se afigura do lado governista, que ainda conjectura a possibilidade das oposições não conseguir vencer as suas divergências históricas, para lançar um candidato que represente o consenso, e trazer para si, as forças eventualmente descontentes que ficarem fora do acordo, e essa possibilidade não pode ser totalmente descartada.
Do lado das oposições quem seria o nome capaz de harmonizar os interesses dos grupos que se opõem ao prefeito, e com capilaridade eleitoral suficiente para desbancá-lo?  Este é o grande desafio que tira o sono dos cardiais do PMDB, liderado por Michel Hagge, o DEM, sob o comando de Dr. José Otávio Curvelo, ambos ex-prefeitos,  o PSDC dirigido pelo o ex-vereador Gildásio Queiróz, entre outros, que não  foram elencados por eu não ter conseguido identificar qual seria o seu papel no debate sucessório.
O candidato do PR, o urologista e ex-deputado estadual Arnaldo Teixeira, cujo maior aliado é o vice-prefeito Edilson Lima, dissidente do grupo que elegeu o prefeito JCM, por fazer parte do bloco de partidos que dão sustentação ao Governador Jacques Wagner, por razões óbvias não foi citado como parte do bloco de oposição que busca um candidato que represente essa coalizão, isso porque, não creio que o diretório estadual do seu partido, numa cartada final autorize uma coligação que vise desestabilizar o PT em Itapetinga.
No entanto, não há como negar que Arnaldo é o único pré-candidato que se dispôs a debater com a sociedade, e de forma politicamente correta tenta viabilizar sua candidatura, fator que pode ajudá-lo em suas pretensões, embora também ache que a tão sonhada coalizão não passa pelo o seu nome  
Kátia Espinheira, que depois de Michel, é o nome de maior densidade eleitoral do PMDB, de forte projeção nas classes sociais de menor poder aquisitivo, para tornar viável à sua candidatura, terá que vencer a rejeição interna do seu nome em importante setor do seu partido que orbita a esfera de decisões do ex-alcaide- engenharia política nada fácil. Ingrediente que faz essa disputa interna ficar muito mais empolgante.
Por fim, o PT do B do professor Ramiro Oliveira, um nome qualificado sobre vários aspectos, mas sem a desenvoltura dos políticos profissionais e de pouca musculatura eleitoral.  Está em processo de maturação, por enquanto ainda freqüenta as divisões de bases do intricado jogo político, sem nenhum demérito ao insigne mestre.
PC do B e PSB, partidos que pelo viés ideológico estão mais próximos, se por injunção de suas direções regionais não retornarem ao bloco partidário da base governista, marcharão juntos com o vereador Gilson de Jesus (PC do B), em sua justa e democrática tentativa de alcançar o maior posto da municipalidade local.
Diferentemente do PMDB que num primeiro momento lança como pré-candidatos, Kátia Espinheira, Rodolfo Schitinni e Dr. Silvio Macedo, no DEM, a situação está mais definida. Embora a vereadora Naara Duarte se apresente com opção, se não tiver nenhum impedimento junto a Justiça Eleitoral, o ex-prefeito José Otávio Curvelo por se nome de maior visibilidade no seu partido, a depender do resultado do histórico encontro entre ele e o ex-prefeito Michel Hagge, poderá vir a representar o tão almejado consenso.
E aqui fica uma observação de quem militou na vida pública durante quase três décadas: A melhor maneira de se perder uma guerra é subestimar o adversário, e disso ninguém pode se descurar. Não há no horizonte,  nenhum sinal de que o prefeito José Carlos Moura tenha capitulado, muito pelo o contrário, parece ter revigorado às suas forças com a inauguração do Sistema de Abastecimento de Água de Palmares, e a perspectiva da entrega de novas obras para breve.
Como diria Magalhães Pinto: Política é como uma nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.  Mas nada que o imponderável não possa mudar, pois nesse jogo as regras nem sempre são calaras.
 
*Juraci Nunes de Oliveira – Radialista e Bacharel em Direito
 
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Sobre Bispo

Nascido e criado em Itapetinga, José Bispo Santos é Escrivão de Polícia Civil desde 1998 e graduado em História pela FTC. Foi redator de jornalismo e esportes da Rádio Jornal de Itapetinga (1992-1997). É evangélico pela misericórdia de Deus e um dos editores do Itapetinga na Mídia.

5 thoughts on “O INTRINCADO JOGO SUCESSÓRIO EM ITAPETINGA

  1. anonimo disse:

    até foi cauteloso,e simpático o seu esclarecimento,mais os governantes deveriam olhar mais a fundo a realidade de Itapetinga.principalmente os quesitos.Saúde,segurança,estão precisando melhorar mais.que deus possa dar sabedoria a quem for governar a nossa cidade.

  2. Anônimo disse:

    O texto deveria ser mais simples! sendo que se trata do interesse de todos.

  3. Viva a Democracia disse:

    Parabéns Dr. Juraci Nunes, por colocar a disposição da população os seus conhecimentos políticos. Mais não cometermos injustiça, deve ser lembrado entre as obras da gestão de JCM até o momento, a construção das 1050 unidades habitacional do programa minha casa minha vida, sem que foi um mero esquecimento de sua parte, pois tenho certeza que vossa senhoria não é daqueles que diz “é um programa do governo federal”, pois para esclarecimento construir as casas depende de infra estrutura no local da construção, e isso envolve recursos do município a chamada contrapartida, diga-se de passagem que essas unidades será o diferencialna campanha de JCM. E aproveitando, quero lembra a esse individuo que falou dos governantes olhar mais para saúde e segurança, concordo que tem que melhorar muito ainda, mais eu não se ele é da cidade! mas, antes da gestão atual, quando havia um acidente, as vitimas era socorridas de qualquer jeito, jogadas encima de carrocerias de carros, tenho assistido alguns resgate do SAMU e fico impressionado com tamanho profissionalismo, isso é saúde, infelizmente não temos um hospital com profissionais e equipamentos para receber e adotar os procedimentos para salvar vidas, ai vai minha critica ao HCR, que pra mim é um câncer na saúde do município, uma unidade de saúde que é utilizada pra fazer politicagem. E fica a pergunta pra onde vai tanto recurso que entra naquele hospital, a população sabe quanto é dos médicos e quanto é investido no hospital?.

  4. Jonahtan disse:

    Desculpa, mas o programa minha casa minha vida é sim um programa do governo federal, e o municipio nao precisa fazer nenhum esforço para trazê-lo, a não ser querer e disponibilizar o q vc chama de “contrapartida”. Por isso, vejo q não há nenhum mérito do prefeito em ter conseguido essas casas.
    A água de Palmares td bem, temos que aplaudir, pois, é uma obra que foi preciso a ida do prefeito aos diversos órgão do governo do Estado, até q conseguisse os recursos. Nesse caso, o mérito é todo do prefeito.
    Qto ao texto de Juraci, só tenho uma observação: O PR, pelo menos oficialmente, não faz parte da base aliada de Jaques Wagner. O PR fazia parte da base do Governo Dilma, mas, parece que já está na oposição tbm.
    Em todas as articulações visando a união das oposições na Bahia, o PR é peça chave. Inclusive, na sucessão de Salvador, o nome do ex-senador César Borges foi colocado na mesa, como tentativa de unir o bloco oposicionista.

  5. Anônimo disse:

    O programa Minha Casa Minha Vida além de ser uma obra do governo federal, a pessoa que adquirir uma dessas casas, ela vai ter que pagar por ela. não é uma doação do governo. Lembre-se disso. fique esperto!

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